sexta-feira, 11 de julho de 2008







Ela não perde uma missa, mas não é beata. Não perde um enterro - e tampouco é parente de algum morto. Não perde a pose, sem ser madame.
Amiguinha da cidade, eis uma definição carinhosa para ela, por quem os moradores já nutrem afeto. O próprio pároco, dizem, reconhece nela uma fidelidade superior à de muita gente nem tão assídua às liturgias da igreja. Ao observá-la à saída de mais uma missa, um senhor e um jovem ex-seminarista, postados à porta da igreja, atestam: ela entra, mistura-se aos fiéis e só sai ao final da cerimônia, acompanhando os demais; comparece aos enterros e se acomoda ao pé das urnas, depois segue o cortejo, espera o caixão descer e se despede do morto, num cumprimento efusivo.
Não se sabe seu nome. Já devia ter um, dada a sua simpatia e à forma como vem conquistando os moradores da pequena Campanha, no sul de Minas. O padre, segundo o ex-seminarista, brinca que um dia a batizará. Pois deveria, ainda que de mentirinha, para agraciá-la com um muito merecido nome... para que ela possa gozar melhor de sua cidadania, tida como certa pelos moradores... ou de sua vida cristã, que, pelo que deu para observar, muita gente crédula deve jurar existir (e vai saber se de fato não existe...).
Fina e simpática, posou de bom grado para estas fotos, oferecendo a “mão” numa saudação amistosa, antes de – eis o seu lado boêmio! – virar as costas com jeitinho e partir para um botequim próximo à igreja, a fim de “filar” um petisco entre amigos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei que você escreveu,ficou muito bom ou melhor ótimo.Realmente esta cachorrinha é incrível,talvez seja única no Brasil a ter certas atitudes que ninguém imagina...

Joice Estarlino disse...

Que figura de cachorra é essa hein?
Adorei!

Anônimo disse...

O reino animal é tão especial e maravilhoso que nos causa espanto e ao mesmo tempo admiração.Com boas maneiras uma educação excelente, sem dúvida uma verdadeira dama.Você soube descrever que realmente ela é,adorei.